CANONIZAÇÃO DE IRMÃ DULCE DOS POBRES

CANONIZAÇÃO DE IRMÃ DULCE DOS POBRES

A soteropolitana Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, conhecida como irmã Dulce, “o anjo bom da Bahia”, é a primeira brasileira nata canonizada.
Religiosa católica apostólica romana, desde criança Maria Rita foi cheia de viço e alegria. Brincava de bonecas, empinava papagaio, e, curioso, gostava de futebol, sendo torcedora do Esporte Clube Ypiranga, time formado pela classe trabalhadora e por excluídos sociais.
Órfã de mãe aos sete anos, aos oito, com os irmãos Augusto e Dulce, fez a Primeira Comunhão.
Cedo descobriu a vocação ao serviço em prol da população carente, incentivada pelo pai e com o apoio decisivo da irmã.
Aos treze anos, graças a seu destemor e senso de justiça, passou a acolher mendigos e doentes em casa, que transformou num centro de atendimento. Logo a residência da família já era conhecida como a Portaria de São Francisco, com um grande número de carentes aglomerados à porta. Nessa época começou a manifestar o desejo de se dedicar à vida religiosa. Em seguida à formatura como professora entrou para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, na cidade de São Cristóvão, em Sergipe. Em 13 de agosto de 1933 recebeu o hábito de freira, adotando o nome de irmã Dulce, em homenagem à mãe.
Sua primeira missão foi lecionar em um colégio mantido pela Congregação, em Salvador, mas o pensamento voltava-se para o trabalho com os pobres. Logo já dava assistência a esses numa comunidade da capital baiana. Começou a atender aos operários, criando um posto médico e fundando a União Operária São Francisco, em 1936, primeira Organização operária católica do Estado, que depois originou o Círculo Operário da Bahia, criado em 1937 por ela e Frei Hildebrando Kruthaup. Em 1939 inaugurou o Colégio Santo Antônio, escola pública para operários e seus filhos.
Em 1939 invadiu cinco casas para abrigar doentes que recolhia nas ruas de Salvador. Expulsa, peregrinou por 10 anos com os doentes até que 1949 ocupou um galinheiro ao lado do Convento de Santo Antônio, após a autorização da Superiora, com os primeiros 70 doentes, local que depois se tornaria o maior hospital da Bahia. Em 1959 foi instalada oficialmente a Associação Obras Sociais irmã Dulce, e no ano seguinte inaugurado o Albergue Santo Antônio. Em 1980 o Papa João Paulo II, na 1ª visita ao Brasil, a incentivou a prosseguir com sua obra, e na 2ª, em 1991, fez questão de procurá-la, encontrando-a já bastante debilitada por graves problemas respiratórios.
O povo baiano, os brasileiros e personalidades internacionais sempre a incentivaram, sendo esta indicada 1988 para o prêmio Nobel da Paz.
Faleceu irmã Dulce em 13 de março de 1992, causando forte comoção.
Seu processo de canonização iniciou-se em janeiro de 2.000, e o primeiro milagre a ela atribuído como intercessora foi validado pela Santa Sé em 2.003, conferindo-lhe o título de Beata - a interrupção de uma intensa hemorragia em uma sergipana, desenganada pelos médicos após um parto normal. O segundo milagre - a recuperação total da vista num cego há 14 anos, após rogar sua intercessão para que lhe atenuasse as dores de uma forte conjuntivite: ao despertar já enxergava com perfeição.
Um milagre para ser reconhecido deve passar por três etapas de avaliação: aval científico dado por peritos médicos, pareceres de teólogos e aprovação final pelo colégio cardinalício. É apenas considerado milagre após atender a quatro pontos básicos; instantaneidade – graça alcançada logo após o apelo; perfeição – atendimento completo do pedido; durabilidade e permanência do benefício, e caráter preternatural - não explicado pela ciência.
No dia 13 de outubro irmã Dulce dos pobres foi elevada aos altares.
Santa Dulce, rogai por nós!
Fabianne Nunes